ATA DA VIGÉSIMA SÉTIMA SESSÃO SOLENE DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 26.10.1995.
Aos vinte e
seis dias do mês de outubro do ano de mil novecentos e noventa e cinco
reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de
Porto Alegre. Às dezessete horas e vinte e seis minutos, constatada a
existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os
trabalhos da presente Sessão, destinada a comemorar o "Dia do Funcionário
Público", de acordo com o Requerimento nº 190/95 (Processo nº 1786/95), de
autoria do Vereador Airto Ferronato e aprovado pelo Plenário. Compuseram a
Mesa: Vereador Airto Ferronato, Presidente desta Casa, Senhora Nara Jurkfitz,
Presidente do Conselho de Representantes do Sindicato dos Servidores da Câmara
Municipal de Porto Alegre - SINDICÂMARA, Senhor Sérgio Nicolaiewski,
representante da Reitoria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS,
Coronel Irani Siqueira, representante do Comando Militar do Sul, Senhor José
Valdir, Presidente da Fundação Educacional, Social e Comunitária - FESC, Major
Grandini, representante da Chefia da Casa Militar, Delegado Gilberto Borsato da
Rocha, representante da Chefia da Polícia Civil. E como extensão da Mesa, o
Senhor Presidente citou as presenças das seguintes pessoas: Jornalista Firmino
Sá Cardoso, representando a Associação Riograndense de Imprensa - ARI, Senhor
Martins, representante da Secretaria Municipal de Educação. Após, o Senhor
Presidente, concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O
Vereador Wilton Araújo, em nome da Bancada do PDT, referiu-se à quebra da
estabilidade para o funcionalismo público, dizendo que o momento é de reflexão
e destinando o atual momento para um brado de alerta, de revolta e de
indignação, criticando o Senhor Prefeito pela forma como tem tratado os
servidores municipais e este Legislativo. O Vereador Luiz Braz, em nome da
Bancada do PTB, disse que a quebra da estabilidade vem valorizar e qualificar o
funcionário público, destacando a qualidade dos servidores municipais da
Capital, especialmente os desta Casa. Comentou, ainda, sobre o percentual
orçamentário que cabe a esta Câmara, defendendo a sua autonomia na aplicação
destes recursos. O Vereador João Dib, em nome das Bancadas do PPR e PFL,
reafirmou que é servidor público municipal por vocação, formação e convicção,
querendo ação decisiva daqueles que detêm o poder, elogiando a qualidade dos
servidores deste Legislativo e manifestando o seu respeito a todos os
servidores públicos deste País. O Vereador Airto Ferronato, em nome das
Bancadas do PMDB, PP, PT, PPS e PSDB, ressaltou que esta Câmara vem buscando,
desde mil novecentos e oitenta e nove, a sua autonomia orçamentária, financeira
e administrativa, não tendo atingido plenamente este objetivo, mas avançando
neste sentido. Discorreu, ainda, sobre as diferenças salariais existentes entre
os poderes executivo e legislativo, no âmbito municipal, estadual e federal, e
as diferentes políticas funcionais que por eles são adotadas. A seguir, o
Senhor Presidente procedeu a entrega dos diplomas e medalhas aos funcionários
desta Casa, sendo condecorados os seguintes servidores: Catarina Barbosa
Nabinger, Marion Huf Marrone Alimena, Jorge Paulo Antonini Ribeiro, Fábio
Fidelis da Luz e Natalício Nunes de Almeida, por quinze anos de serviço; Adolfo
Benjamin Baum, Antonio da Silva Souza, Antonio Teixeira de Andrade, Jurema
Delvalhas Liedtke, Jussara Delvalhas Viegas, Lauro Roberto dos Anjos da Silva,
Sergio Piccoli, Maria Lúcia Carvalho dos Santos, Martha dos Santos Lages,
Jandira Guacira de Oliveira, João Casimiro Sikora e Mauro Pinto Soares, por
vinte anos de serviço; José Vitor Juchem, por vinte e cinco anos de serviço. Em
continuidade, o Senhor Presidente concedeu a palavra a Senhora Nara Jurkfitz,
que agradecendo a presente homenagem, disse do empenho dos servidores deste
Legislativo em buscar o justo reconhecimento das atividades que prestam à
sociedade. Às dezoito horas e sete minutos, nada mais havendo a tratar, o
Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, agradecendo a presença de
todos e convocando os Senhores Vereadores para a Sessão de amanhã, à hora
regimental. Os trabalhadores foram presididos pelos Vereadores Airto Ferronato
e Clóvis Ilgenfritz e secretariados
pelo Vereador Clóvis Ilgenfritz, 1º Secretário. Do que eu, Clóvis Ilgenfritz,
determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e
aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.
(Obs.: A Ata digitada nos Anais é cópia fiel do documento original.)
O SR. PRESIDENTE (Airto
Ferronato):
Vamos dar início a esta Sessão Solene.
Compõem a Mesa: a Presidente do Conselho de Representantes do
SINDICÂMARA, Sra. Nara Jurkfitz; o representante do Reitor da UFRGS, Sr. Sérgio
Nicolaiewski; o representante do Comando Militar do Sul, Cel. Irani Siqueira; o
Presidente da FESC, Sr. José Valdir; representante do Chefe da Casa Militar,
Major Grandini; o representante do Chefe de Polícia, Delegado Gilberto Borsato
da Rocha; e também o nosso Vereador Secretário, Clóvis Ilgenfritz.
Senhoras e Senhores, nós vamos, nesta tarde, realizar uma Sessão Solene
que tem por fim reverenciar a data de 28 de outubro, que é o Dia do Funcionário
Público, dizendo da nossa satisfação. Sou funcionário público também. Temos a
presença de diversas autoridades. Nossa satisfação em tê-los conosco. Hoje nós
estamos condecorando servidores que completam 15, 20 e 25 anos de serviço
público.
Com a palavra, o Ver. Wilton Araújo, que fala em nome da Bancada do
PDT.
O SR. WILTON ARAÚJO: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Hoje a Câmara
Municipal se reúne em Sessão Solene para comemorar o Dia do Funcionário
Público, a pedido do Presidente da Casa, o que se faz anualmente. Dizemos
comemorar, mas o ambiente, em nível nacional, colabora para que reflexões que
tenhamos que fazer, obrigatoriamente, no dia de hoje, não sejam de comemoração,
tampouco de homenagem. Confesso que o quadro está mais inclinado para que as
reflexões da Casa do Povo de Porto Alegre, utilizando este espaço, sejam
direcionadas para um brado de alerta, de revolta e de indignação, porque vemos,
ainda nessa semana, em Sessão do Congresso Nacional, passar a quebra da
estabilidade do funcionário público. O que significa a estabilidade para o
funcionário público, não só para o funcionário em si, pessoa física, mas,
obviamente, para o serviço público do País? O pilar mestre para que o Estado, o
Governo tenha a continuidade, tenha a permanência de seus atos.
Nós, os agentes políticos, quando estamos em cargos administrativos,
somos eventuais e direcionamos nesta eventualidade, segundo o nosso
entendimento ideológico e programático, a ótica da administração. Mas, sem
dúvida nenhuma, os funcionários públicos, por perenes, têm a tranqüilidade de
manter projetos, estudos permanentes para que o Estado tenha melhor
desenvolvimento. E a quebra da estabilidade quebra com este vínculo, com esta
tranqüilidade. Isso faz com que o Governo, em nível federal, e evidentemente
isso em cascata vai ocorrer no País inteiro, venha a perder o centro, o cerne
da vantagem de haver funcionários públicos. Há um questionamento, e este é
inegável, que o Estado está muito grande, o Estado está muito pequeno, o Estado
deve estar interferindo em uma e outra atividade. É um bom tema para o debate.
É um bom tema para se ver onde é essencial o Estado estar. Em algumas partes,
até nós achamos que está em excesso, mas, em outras, é fundamental que se
mantenha a presença do Estado. E, junto com a presença do Estado, sem o
funcionário público, nada ou quase nada poderá ser feito.
É neste sentido que a reflexão - e agora vindo mais para o nosso
funcionário, o funcionário do Município de Porto Alegre - se faz, de certa
forma, até pesarosa. Vemos, nos últimos tempos, por vários motivos,
desembocarem vários Projetos de Lei nesta Casa. O funcionalismo municipal vem
sendo, primeiro, segmentado e desunido, por força desses projetos e da intenção
do Prefeito, o administrador da Cidade, em desuni-los e segmentá-los. E usa
desse artifício dando reajuste para umas e não para outras categorias, fazendo com
que os funcionários de algumas categorias venham até a Câmara Municipal
reivindicar, contrapondo-se a outras categorias, criando a desunião, a
desarmonia. Hão de dizer: "Mas é um dia para comemorar, é um dia de
festa." Deveria ser, mas hoje - e isso já há quase um ano - o clima não
está para festa. Os baixos salários no Município de Porto Alegre, aviltantes
salários, não deixam ninguém fazer a sua festa, não deixam ninguém ter com a
sua família a oportunidade de um churrasco, festa do gaúcho. E, no meu modo de
ver, deve servir esta comemoração, entre aspas, para dizer que a Câmara
Municipal vem fazendo um esforço muito grande, uma pressão política dentro do
nosso tamanho - e espero que ela cresça - para que essa situação reverta-se
para que a dignidade do funcionário seja alcançada pelo Executivo, o que é a
nossa vontade e o nosso sentir.
Hoje vamos, é claro, comemorar, porque vamos reconhecer o trabalho
executado por esses funcionários. Vamos entregar o reconhecimento formal do bom
trabalho que executam os funcionários desta Casa e, certamente, executam os
funcionários do Executivo. Mas, infelizmente, temos que reconhecer que, em meio
a essa batalha que se desenvolve - e dessa batalha espero que não existam
derrotados -, espero que a Câmara, na sua independência, possa manter a
dignidade de seus funcionários porque, há de se reconhecer, não é vontade do
Executivo que aí está. É tão complicada a situação hoje, que em medida inédita
na história da Câmara Municipal, nos seus 223 anos, nunca se viu uma ingerência
tão forte, tão desmedida, tão descabida por parte do Prefeito, exatamente na
questão do funcionalismo. Ele entra na Justiça questionando a independência e o
poder da Câmara em gerir os seus próprios funcionários. Nunca se viu isso. Até
nas épocas mais duras de outros regimes essa ingerência não se fez, mas agora,
infelizmente, estamos passando por um momento assim, onde a Câmara Municipal,
os seus Vereadores e a Mesa não conseguem fazer a justeza ou parte da justeza,
porque o Executivo vai à Justiça de forma intempestiva, impensada e afrontando
este Poder.
Nesse sentido, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, concordamos com V.
Exa., que pediu a Sessão de comemoração, propondo-me também a fazer uma
reflexão sobre a situação dos funcionários. Eu gostaria de reconhecer, em nome
da minha bancada, o PDT, toda a eficiência que, é claro, pode ser melhorada,
toda a presteza que, é claro, pode ser melhorada, toda a dedicação que também
pode ser melhorada, mas, certamente, o número de funcionários e a qualidade dos
funcionários do Município de Porto Alegre estão à altura desta Cidade.
Nesse sentido, embora meio que empanando a comemoração, fica, em nome
do PDT, um brado para que os partidos, em nível nacional, possam fazer alguma
coisa evitando que se perca a luta maior, a guerra, que se perca a
estabilidade. Sim, ajustes devem ser feitos, mas não retirando o cerne. E
deixaria aqui, dentro do Município de Porto Alegre, que a Bancada do PDT vem
debatendo sobre a justeza do tratamento igual, com dignidade para todos os funcionários,
e se sente ameaçada, agredida com a interferência e ingerência indevida do
Executivo nesta Casa. Para os nossos funcionários não há muito que comemorar,
mas certamente há que se reconhecer muito do trabalho que os funcionários
executam. Esse reconhecimento fica, pelo PDT, assente, mas não só o
reconhecimento e, sim, o compromisso de continuar brigando pela dignidade e
justeza do trabalho dos senhores. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Citamos as presenças do Sr.
Firmino Sá Cardoso, representando a ARI, e do Sr. Martins, representante da
Secretaria Municipal de Educação. Citamos, também, as presenças dos ilustres
Vereadores Clóvis Ilgenfritz, Pedro Américo Leal, além dos Vereadores que
usarão a palavra.
Com a palavra, o Ver. Luiz
Braz, que fala em nome da Bancada do PDT.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, autoridades
já nominadas, Srs. Vereadores e Srs. Funcionários, quero agradecer ao Ver. João
Dib, que deveria usar a palavra antes de mim, mas eu solicitei a inversão do
tempo já que tenho um compromisso que vai me fazer deixar esta Casa às 18h.
Como eu gostaria de estar presente nesta homenagem, pedi ao Ver. João Dib que
me deixasse falar antes dele.
Nós temos, realmente, alguma coisa a comemorar. Esse momento que nós
estamos vivendo, este dia, é um dia para a reflexão, talvez um estágio novo.
Nós vamos, a partir de agora, quem sabe, vivenciar um serviço público que vai
ser mais valorizado. Eu acredito que sim. Acredito que essas transformações que
estão sendo feitas, talvez não todas elas, mas eu ouço muito falar na questão
da estabilidade, principalmente o fator estabilidade, e eu acho que ele não vem
contrário aos interesses do funcionário público. Eu acho que ele vem para
valorizar e para qualificar o funcionário público. Hoje o funcionário público é
tratado com desprezo. Hoje, quando se fala em serviço público, função pública,
funcionário público, as pessoas pensam nessas pessoas com desprezo: "Elas
estão lá porque não podem ser mandadas embora; elas estão lá porque, na
verdade, elas têm esta tal de estabilidade que as garantem no serviço."
Ora, isso é lamentável.
Eu acho que, principalmente nós, aqui no Rio Grande do Sul, não
precisamos ter nenhum tipo de medo com o final da estabilidade. Eu não acredito
que essa discussão que está se travando em Brasília com relação ao fim da
estabilidade... Ela se deve muito mais aos desmandos, aos desleixos do serviço
público no Norte e Nordeste, no Centro do País, do que aqui no Rio Grande do
Sul. Eu ouvi todos os comentários a respeito do fim da estabilidade. Ouvi
governadores, prefeitos de outras regiões, falando que precisam mandar vinte
mil, cinqüenta mil funcionários embora, mas eu não vi, na verdade, nenhum
comentário desse tipo alusivo ao Rio Grande do Sul e principalmente a Porto
Alegre.
Eu presidi esta Câmara no ano passado e posso dizer, com absoluta
certeza, que a grande maioria dos funcionários desta Casa são imprescindíveis.
Eu não diria, porque eu não gosto de falar mentiras, não diria a totalidade.
Não há administrador que entre para comandar esta Casa e, com estabilidade ou
sem estabilidade, possa, por exemplo, prescindir do serviço brilhante, como o
caso do meu amigo Vitor, que inclusive hoje vai ser um dos homenageados nesta
Casa. Ou, de repente, da Dra. Inês, que faz um trabalho brilhante na área
legislativa. E tantos outros, que eu não vou começar a nominar aqui, porque, na
verdade, nós temos tantas pessoas qualificadas aqui dentro da Câmara, que, com
estabilidade ou sem estabilidade, permaneceriam assim. E a mesma coisa nós
vamos encontrar no Município, onde o Ver. João Dib já foi o Prefeito. Nós vamos
encontrar, em quase todas as Secretarias, em todos os setores, pessoas
maravilhosas, técnicos de alta competência. É verdade que por causa, talvez, da
estabilidade, Ver. Américo Leal, técnicos de altíssima qualidade há questão de
dez anos não acompanharam, muitas vezes, a evolução dos tempos modernos. E
hoje, por exemplo, nós temos um projeto que tramita aqui na Casa, que, para
fazer uma simulação, um exercício de simulação nas ruas da Cidade, vai-se
contratar alguém lá fora, quando, na verdade, nós precisamos fazer com que os
nossos técnicos possam fazer esses cursos de modernização a fim de que eles
possam ser capazes e competentes o suficiente para fazer as simulações
possíveis. Nós temos que fazer com que eles sejam cada vez mais qualificados.
Eu acho que esse fim da estabilidade não deve assustar o bom
funcionário. É claro que não vai assustar, porque é o trabalho dele, a
dignidade dele, a competência dele que vai fazer com que ele permaneça. Eu
tenho certeza que o pessoal, lá, não ficou maluco. É claro que esse fim da
estabilidade não vai se dar para todos os setores. Em certos setores é
impossível. Ninguém vai tirar, por exemplo, a estabilidade de um setor militar.
É um setor que tem que ser respeitado, tem que ser tratado de uma outra forma,
de uma outra maneira. Há determinados setores, como é o caso do Judiciário, que
têm que ser tratados de forma diferente - é claro que sim -, mas isso já está
sendo discutido. Não é uma lei que vem para dar fim à estabilidade total. É uma
lei, eu acredito, que vai fazer com que, em determinadas regiões do País,
possamos ter um melhor ordenamento dos serviços públicos para que todos os
servidores públicos sejam cada vez mais eficientes. Então, essas leis são
votadas para determinadas regiões. Levando-se em conta o que acontece aqui em
Porto Alegre, ninguém pode chegar aqui e analisar os funcionários da Câmara
Municipal de Porto Alegre, que são muito bons, os funcionários do Município de
Porto Alegre, que são altamente competentes, e achar que as leis que são
votadas em Brasília alusivas a funcionários públicos são exatamente vinculadas
a esses funcionários. É claro que se quer corrigir as grandes distorções que
existem no Norte e Nordeste do País. É evidente que isso vai acontecer.
Eu fico contente em poder estar aqui e dizer que faço questão de estar
homenageando os bons funcionários públicos, aqueles que dão tudo de si para que
as suas repartições, para que os setores onde estão designados possam cumprir
suas funções da melhor forma possível, e temos aqui belíssimos exemplos,
exemplos estes que hoje, alguns deles, serão recompensados através de
premiações e diplomas que serão entregues pela Câmara Municipal, e muitos
outros não serão contemplados ou já foram contemplados no passado, ou serão no
futuro. Mas tenho certeza absoluta de que os funcionários públicos,
principalmente aqueles que estão aqui ligados à Câmara Municipal, podem ser
orgulhosos daquilo que fazem e jamais deveriam temer a palavra
"estabilidade" ou "fim da estabilidade", porque com
estabilidade ou sem ela esta Câmara tem um quadro de servidores que é fabuloso.
Infelizmente, tenho certeza, é mal pago. Não depende do Presidente, não depende
de mim. A esta altura dos acontecimentos, eu acho que não depende nem mesmo do
Prefeito Municipal; depende do Orçamento que votamos no ano passado e que
propiciou 4% para a Câmara Municipal. Este ano vamos votar novamente este mesmo
Orçamento e vamos dar novamente 4% para a Câmara Municipal. Eu disse,
inclusive, quando estávamos votando aquele projeto que dava incentivo para os
funcionários da Câmara Municipal, que dentro dos 4% temos total autonomia. Além
destes 4%, não temos autonomia nenhuma, porque este é o Orçamento. Então, quando
estamos fazendo essas discussões, temos que lembrar - por exemplo, quando
estamos votando a Lei de Diretrizes Orçamentárias - que, se não dá 4%, colocar mais de 4% para a Câmara Municipal,
fazer a conta, e o nosso Presidente é um especialista. Nós temos, na verdade,
recursos dentro do Orçamento para pagar; tem que pagar porque a autonomia que
nós temos é exatamente dentro dos 4%. Eu acho que, na verdade, é isso que tem
que ser analisado. O restante é conversa que vai ser jogada fora, porque o restante
não condiz com a realidade, com a legislação que nós temos aí a nos amparar.
Eu quero, mais uma vez, cumprimentar a todos os funcionários e dizer
que eu sou uma pessoa com bastante orgulho por ter comandado esta Câmara no ano
passado, por pertencer a esta Câmara há treze anos e poder estar ao lado dos
senhores, que me ensinaram tanto e, principalmente, me ajudaram a fazer um
serviço, há treze anos, em prol desta comunidade. Parabéns a todos. Muito
obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a
palavra em nome das Bancadas do PPR e PFL.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Srs. Servidores,
eu sempre gostei de dizer que sou servidor público municipal por vocação,
formação e convicção. Nunca fui um homem frustrado, que não tinha outro caminho
à sua frente e buscou o serviço público para poder sobreviver. Eu vim lá de
baixo, muito de baixo, mas me formei em engenharia e poderia, dentro da minha
profissão, enriquecer. Não enriqueci. Eu tenho absoluta convicção, como
servidor público, que os que aqui estão gostariam de dizer: "Chega de
reflexões, nós queremos ação." O que está faltando, realmente, é ação
decisiva, clara, como os claros que há neste Plenário aqui. Nosso Vereador
permanente ali, o Firmino Sá Cardoso, mais cinco Vereadores, seis com o
Firmino. O Ver. Reginaldo Pujol pediu-me que falasse em seu nome, eis que tinha
um compromisso muito sério. Nós todos sabemos que, se fora isso, o Ver. Reginaldo
Pujol estaria aqui falando. O meu companheiro de bancada aqui está - o Ver.
Pedro Américo Leal -, que também não falta nunca.
Nós vivemos um momento extremamente difícil com relação aos servidores
públicos. Eu não utilizo a expressão funcionário público, porque funcionário é
uma expressão que está desgastada: é servidor. A única coisa que o servidor
público municipal tem para comemorar no dia 28 é o fato de ser um servidor
público consciente. Nada mais do que isso.
Eu fiquei trinta e quatro anos na Prefeitura, galguei todos os pontos,
fui seis vezes Secretário, duas vezes Assessor-Engenheiro. E não estou fazendo
uma autopromoção aqui, mas o que quero dizer é que eu tenho três filhos, dos
quais dois são médicos e um é economista, e pude pagar seus cursos com o
salário que recebia da Prefeitura. Eu disse que me orgulhava de ser servidor
por vocação e por convicção - portanto, eu não enriqueci. Eu só tinha salário,
e o meu salário permitia pagar faculdade para os meus filhos. Eu gostaria que
os servidores públicos hoje pudessem dizer a mesma coisa .
Então, não há o que reflexionar; há do que se entristecer. Não se ganha
bem; acresce violentamente o número de, aí sim, "funcionários",
porque há gente demais desnecessariamente. Essa é uma reflexão, e eu estava dizendo
que não precisamos reflexão, nós precisamos de ação. E querem botar mais gente;
e dão mais para quem ganha mais e menos para quem ganha menos, distanciando
tudo de todos. Esta é a política que está sendo feita aí.
E o que posso dizer para os servidores da Câmara, que, como disse o
Ver. Luiz Braz, são extremamente competentes? Eu os conheço ao longo de vinte e
quatro anos. Posso elogiá-los, posso endossar todas as palavras justas que
foram ditas, porque é uma equipe de excelentes servidores. Cada um sabe bem o
que tem que fazer, faz da melhor maneira possível e, muitas vezes, sem se
preocupar com o horário, sem se preocupar com que no sábado tenha que voltar.
Eu já vi fazerem isso e já vi abrirem as Sessões no dia primeiro de janeiro com
uma série de funcionários que deveriam estar descansando como todos os outros
fazem. Então, realmente, os servidores da Câmara merecem o meu respeito, como
merecem os servidores da Prefeitura, como merecem os servidores públicos de
todo este País, mas em nome de quem muita injustiça se comete, em nome de quem
muita deslealdade se prática porque são mal-usadas algumas pessoas sinceras.
Mas sou ainda um otimista. Espero que essas coisas que hoje nos
entristecem amanhã não sejam mais razão de tristeza; amanhã sejam razão, além
do orgulho de ser servidor, de ter a comparação pelo serviço prestado, pelo ser
o que é o servidor público municipal. A todos os meus cumprimentos. Muito
obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Usarei a palavra para falar
em nome do PMDB e pelas Bancadas do PP, PT, PPS e PSDB. Convido o Ver. Clóvis
Ilgenfritz para presidir os trabalhos.
O SR. PRESIDENTE (Clóvis
Ilgenfritz):
Com muita honra, passo a palavra ao Ver. Airto Ferronato.
O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente, ilustres
autoridades que compõem a Mesa, já nominadas, Srs. Vereadores, Ver. Pedro
Américo, Ver. João Dib, nossos Diretores aqui presentes, nossos ilustres
servidores e servidoras. Na tarde de hoje, nós teríamos muito a dizer, muito a
refletir e muito a debater. O adiantado da hora faz com que se faça um resumo.
Procurarei resumir a nossa posição e procurarei, também, neste ato, refletir
sobre a situação da Câmara Municipal de Porto Alegre, cumprimentando
carinhosamente a todos os servidores que aqui estão, porque entenderam positivo
estarem aqui, e cumprimentando carinhosamente os servidores que não estão aqui,
porque entenderam que não deveriam estar aqui, talvez entendendo que, não
estando aqui, contribuiriam para o processo de discussão e de busca de solução da
situação que estamos.
Será que nós estamos certos e eles equivocados ou vice-versa? Não sei,
até porque a minha modéstia diz que, na verdade, cada um busca através de sua
visão tomar posições, entendendo que aquela posição é a melhor, e merece todo o
meu profundo e maior respeito possível, daí o porquê de meu abraço a todos os
servidores da Câmara Municipal de Porto Alegre, dizendo da sua competência,
como os que me antecederam disseram.
Sou servidor público há vinte e dois anos e coisas por que se luta, se
discute e se pede há vinte e dois anos no serviço público federal, ao qual tive
a honra de pertencer, e também nos serviços públicos estadual e municipal,
muitas dessas coisas já conquistamos, mas algumas ainda não conquistamos e em
outras não sei por que estamos retrocedendo. Esta experiência de vinte e dois
anos faz-me dizer que a Câmara Municipal de Porto Alegre, desde 1989, vem
lutando e procurando, incansavelmente, buscar a sua autonomia orçamentária,
financeira e administrativa, mas estamos crescendo - segundo a minha visão -
pouco, mas estamos avançando. É equivocada a posição daqueles que dizem que
estão desrespeitando a Câmara hoje. Não! A história de Porto Alegre diz que a
Câmara Municipal de Porto Alegre luta e cada vez cresce mais e, se cresce mais,
cresce pela competência de muitos Vereadores, mas também pela competência, pela
ação e força de muitos servidores. Desde 1989, pleiteiam-se reposições
salariais e não vencemos nenhuma. Por quê? Porque o Poder Público Federal tem
concedido posições e autonomia administrativa para o Executivo e para o
Legislativo Federal. O Poder Público Estadual tem, sim, concedido autonomia com
crítica dos adversários. Tem, sim, autonomia o Executivo para administrar o
Executivo, e o Legislativo o Legislativo e o Judiciário também. Nós temos
experiências muito próximas: os 46%, lutados e pleiteados pelo Judiciário, que
ganhou. Nós temos a experiência da semana passada: o Legislativo do Estado do
Rio Grande do Sul concedeu 15% de reajuste aos seus servidores e, no entanto, o
Sr. Governador do Estado do Rio Grande do Sul não ingressou na Justiça.
Por outro lado, também, há uma dificuldade administrativa - entenda
quem queira entender. Essa Administração tem recursos orçamentários para
suportar os 4%. Nós estamos ingressando em novembro e esta Administração tem
recursos orçamentários em diversas rubricas que, com um sacrifício enorme,
negando uma série de coisas que negamos, nós ainda hoje temos. Nós temos. Por
que temos? Porque, se nós não temos rubrica no 3111, que é a rubrica
"pessoal", nós temos nas outras rubricas. A Câmara Municipal de Porto
Alegre tem condições de suportar 4%. Então, é um passo que merece uma reflexão
dos equívocos que se cometem, mas também dos acertos.
E nós entendemos o seguinte: desde janeiro deste ano, quando assumimos,
porque desde 94 o Executivo vem dando reajustamentos diferenciados para os seus
servidores sem nada para o Legislativo, é que se criou uma posição de luta para
buscar recompor os salários desta Câmara Municipal de Porto Alegre, porque está
havendo apenas recuperações e readaptações lá no Executivo, e aqui,
insistentemente, se negam. Nós não pagamos em outubro porque uma decisão
judicial assim determinou, e nós cumpriremos esta decisão judicial. Por outro
lado, eu tive a oportunidade de conversar com o Sr. Prefeito Municipal e a
minha posição é claríssima. Agi da forma que agi e agiria como agi e não me
arrependo nada do que fiz. A minha posição é a seguinte: eu sou funcionário
público do Executivo há vinte e dois anos - repito - e há vinte e dois anos que
eu ouço dizer que há uma disputa entre Executivo e Legislativo, dizendo que o
Legislativo ganha mais e o Executivo menos. E esta disputa ocorre aqui no
Legislativo também, com posições de Vereadores. Isto é pacífico, porque aqui é
uma casa política e nós temos posições distintas.
Ocorre o seguinte: estas diferenças salariais são diferenças desde que
o Brasil é Brasil; isso existe. Esta diferença sempre existiu. E eu disse ao
Sr. Prefeito que equívoco do Prefeito é pretender - com todo o respeito que me
merece o excelentíssimo Sr. Prefeito de Porto Alegre, o qual tem todo o carinho
deste Vereador - recuperar uma diferença centenária num mês só. Aí está o
equívoco do Sr. Prefeito. Entendo que estas diferenças merecem uma política de
recuperação e não simplesmente reajuste aqui, ali e acolá; umas categorias sim,
outras não; e a Câmara vive nesta situação.
Cumprimentos a todos. Nós temos, sim, muitas coisas a comemorar. Temos
a comemorar que estamos todos envolvidos buscando alternativas que façam com
que essas lutas históricas dos servidores da Câmara Municipal de Porto Alegre e
de todos os servidores públicos venham a ser um dia alcançadas. E nós temos
plena consciência que isso, um dia, acontecerá.
Na história da Câmara perdemos sempre na Justiça, por tradição. Por
quê? Porque o Legislativo Federal concede reajuste separado; o Executivo
também; o Legislativo do Estado concedeu na semana passada; o Judiciário do
Estado concedeu há alguns dias; o Governo do Estado concede. Nunca vi acontecer
o que está acontecendo aqui. Nós, da Câmara, historicamente, perdemos.
Perdemos, mas é a primeira vez, desde 1989, que nós estamos na situação que
estamos hoje. Isso graças à movimentação dos servidores, mas também graças a
todos os Vereadores desta Câmara - me excluam se assim entenderem interessante.
Parabéns aos servidores que aqui estão e parabéns àqueles que
entenderam que não deveriam estar aqui porque acharam que em seus gabinetes
estariam contribuindo mais para este processo. E eu não sou o dono da verdade,
não vou dizer que nós estamos certos e eles errados. Volto a dizer: nós temos,
sim, condições de suportar 4%. Lá por janeiro ouvi tanta história, pois me
diziam que nós tínhamos condições, e nós não tínhamos; lá em julho, um monte de
história, mas também não tínhamos. Agora nós temos; então, basta um
entendimento. Todos me conhecem. Não sou um homem radical. Não sou, não gosto
de ser e não quero ser. O que eu acredito é que o entendimento surgirá através
de posição de todos os Vereadores desta Câmara, uns mais posicionados de um
lado e outros de outro lado, mas essa discussão e esse entendimento ocorrerá.
Eu acredito em Deus e sou um homem que tenho pensamento positivo. Eu nunca me
entreguei e nem vou me entregar.
Parabéns a todos os servidores públicos do Município de Porto Alegre,
do Estado do Rio Grande do Sul e da União, à qual tive a honra e o prazer de
também pertencer. Um abraço a todos. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Airto
Ferronato):
Registro a presença do Ver. João Motta. Antes de passarmos à entrega dos
diplomas, nós gostaríamos de dizer que já determinei estudos para que se
antecipe a primeira parcela do salário do mês de novembro.
(É feita a entrega dos Diplomas e Medalhas aos funcionários da Câmara Municipal
de Porto Alegre conforme consta na Ata.)
Vamos dar a palavra à Sra. Nara Jurkfitz, que fala em nome do
SINDICÂMARA.
A SRA. NARA JURKFITZ: Sr. Presidente, autoridades
presentes, Senhores e Senhoras, nós assistimos a uma entrega de diploma e de medalha
por uma vida dedicada a esta instituição. Eu recebi, no ano passado, este mesmo
diploma, e ele realmente não reflete o nosso dia-a-dia, o reconhecimento, a
homenagem justa que gostaríamos de receber pela imprensa, pela opinião pública
e por quem quer que seja que trate o servidor público como um reles beneficiado
que não presta nenhum serviço a esta Nação. Em contrapartida, pelo contrário,
nós estamos nesta instituição para servir a uma comunidade que, em última
análise, são os nossos patrões. São eles que regem os destinos, e essas
reflexões que foram feitas hoje pelo Ver. João Dib, pelo Ver. Wilton Araújo e
pelo Vereador-Presidente desta Câmara foram extremamente importantes na medida
em que lutamos, ao longo de nossas vidas, não por um salário de marajá, não por
um salário além dos nossos serviços. Nós lutamos, Ver. João Dib... Porque eu
também tenho três filhos; eu tenho dezoito anos de serviço público nesta Casa e
algum tempo a mais no Estado. Eu luto para que também possa sustentar a
faculdade de meus filhos, que eu também possa oferecer aos meus filhos um
destino tão digno e tão importante, que é a sua formação nos bancos acadêmicos.
O Ver. João Motta tem um filho que estuda na mesma escola que os meus filhos, e
eu espero poder continuar oferecendo isso a eles e espero que os meus colegas
também possam oferecer aos seus filhos vidas dignas.
Em nome dessa dignidade, que é a retribuição por toda essa dedicação, é
que lutamos. O colega Vitor - 25 anos dedicados à Câmara Municipal - é
imprescindível; o Lauro - 20 anos dedicados à Câmara. Isso é uma vida! Muitas
pessoas que entram aqui nem imaginam que vão permanecer na instituição uma vida
inteira. Quando eu entrei, não imaginava permanecer na Câmara. Hoje eu me
orgulho de ser servidora da Câmara. Participo de entidades que se orgulham do
serviço público que prestam, e nós, realmente, mais do que agradecer aos
Vereadores, pedimos uma reflexão séria e, mais do que reflexão séria, ação.
Temos certeza de que os que estão aqui hoje estão empenhados neste sentido.
Nós esperamos que esse reconhecimento venha na medida em que buscamos
conquistas justas, e que essas conquistas justas não sejam encaradas como
benesses a um segmento da sociedade. Nós somos parte de uma sociedade. Nós
prestamos serviços a esta sociedade e nós esperamos que esta sociedade não nos
encare como um penduricalho dispensável, porque nós não o somos, e temos
certeza disso.
A democracia deste País precisa de nós; nós precisamos dela; nós
precisamos desta sociedade porque estamos integrados nela. São essas as
palavras, em nome do Conselho de Representantes do Sindicato, para que se leve
a sério este segmento da sociedade e não se deixe que a opinião pública tenha
uma visão distorcida do serviço que é prestado à Câmara Municipal de Porto Alegre
e à municipalidade em geral. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Senhores e Senhoras,
agradecemos a presença de todos os servidores desta Casa. Registramos e
agradecemos as nossas ilustres autoridades que fizeram parte desta Sessão, e
elas, as suas presenças, foram muito importantes.
Gostaríamos de encerrar esta Sessão dizendo que nós determinamos ao
Setor de Contabilidade, juntamente ao Setor de Folha de Pagamento, para que
façam um estudo para verificar a viabilidade da antecipação da primeira
parcela. Até o presente momento não tenho o retorno, mas eu acredito que ele
será positivo e favorável. Boa tarde a todos e até amanhã. Estão encerrados os
trabalhos.
(Encerra-se a Sessão às 18h07min.)
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